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Blefarite

O que é blefarite?

A blefarite é uma inflamação frequente do bordo das pálpebras, em que a inflamação na pálpebra, a caspa na base das pestanas, a dor nos olhos, os olhos vermelhos e a “comichão” ou ardor nos olhos são alguns dos sinias e sintomas mais frequentes. Veja mais informação em sintomas.

Trata-se de uma doença dos olhos que pode surgir em qualquer idade e em ambos os sexos.

A blefarite crónica é frequentemente uma situação menosprezada, contudo, muitas vezes trata-se de uma doença frustrante dado o seu caráter crónico e cíclico. É uma doença, cujos períodos de agravamento alternam com períodos assintomáticos. Nos casos avançados é comum observar-se alterações palpebrais, devido às cicatrizes que se formam ao longo dos anos, podendo alterar a posição dos cílios (triquíase) e causar grave desconforto.

A blefarite ocular é uma doença que pode afetar quer a pálpebra superior quer a pálpebra inferior. As pessoas com pele oleosa, caspa e olho seco são mais suscetíveis de virem a padecer de blefarite.

Blog do Centro Oftalmológico de Minas Gerais

As causas para a blefarite 

Existem várias causas para a blefarite. A doença, geralmente, está relacionada com a colonização das pálpebras por bactérias da flora normal da pele. Esta colonização é exacerbada quando há aumento de oleosidade dessa região, devido à disfunção das glândulas de meibómio, glândulas produtoras da camada lipídica do filme lacrimal.

A blefarite pode apresentar-se de diversas formas, a saber: olho seco, conjuntivite, hordéolos, chalázios e em casos mais avançados, triquíase e até úlceras corneanas.

A blefarite pode estar intimamente relacionada com alterações sistémicas, como a rosácea, dermatite seborreica ou a síndrome de Sjögren.

Se houver pouca humidade ambiental, as queixas de olho seco são muito frequentes e nos casos associados à blefarite, os sintomas costumam ser muito mais intensos.

Tipos de blefarite

Nas blefarites a inflamação pode ser de origem infeciosa, tóxica ou alérgica. Pode ser bilateral, simétrica e, normalmente, está associada a alterações secundárias da superfície ocular externa.

Veja, de seguida, os principais tipos de blefarites.

Blefarite estafilocócica

A blefarite estafilocócica manifesta-se com eritema, prurido e edema do bordo palpebral, bilateral. A blefarite estafilocócica é consequência de uma resposta celular anormal aos componentes da parede celular do estafilococos aureus, causando olho vermelho e infiltrados corneanos periféricos.

Neste tipo de blefarite, é frequente a perda (madarose), o desvio (triquíase) e a despigmentação (poliose) das pestanas.

Blefarite seborreica

A blefarite seborreica é caraterizada por um excesso de produção lipídica das glândulas de Zeiss e, sobretudo, das glândulas de Meibomius. Na blefarite seborreica é muitas vezes observado eritema do bordo palpebral, escamas tipo crostas, amareladas, na base das pestanas.

A blefarite seborreica associa-se à seborreia generalizada.

Blefarite escamosa

Blefarite escamosa ou blefarite seborreica são a mesma coisa. A origem da palavra “escamosa” está associada aos sinais e sintomas da blefarite (escamas).

Blefarite alérgica

A blefarite alérgica surge após picada de um inseto, administração ou exposição dum fármaco ou cosmético como na maquiagem, ou mais raramente pode ser idiopática.

Na blefarite alérgica verifica-se edema palpebral, descamação, quemose, olho vermelho e conjuntivite papilar. A blefarite alérgica pode estar associada à asma e febre dos fenos.

Sintomas da blefarite

Os sinais e sintomas da blefarite são muito frequentes e, geralmente, são os seguintes:

  • Olhos vermelhos;
  • Comichão e ardor nos olhos (sensação de areia nos olhos);
  • Caspa na base das pestanas;
  • Lacrimejo ou olhos lacrimejantes;
  • Pálpebras edemaciadas e avermelhadas;
  • Crostas no bordo das pálpebras;
  • Hipersensibilidade às lentes de contacto, ao fumo, ao vento, ao cloro das piscinas e aos conservantes dos colírios;
  • Hordéolos;
  • Triquíase.

Alguns destes sintomas e sinais podem motivar uma drástica redução da qualidade de vida dos doentes.

Sendo a blefarite uma doença crónica, os períodos de agravamento (sintomas mais intensos) alternam com períodos sem sintomas (assintomáticos).

Blefarite tem cura?

A blefarite não tem cura, mas se tratada de forma adequada pode restabelecer uma vida perfeitamente normal aos doentes. Saiba, de seguida, como tratar a doença na sua forma aguda e de que forma devemos efetuar a prevenção e higiene dos olhos.

Tratamento para a blefarite

Na blefarite, o tratamento é realizado dependendo se estamos a tratar uma forma aguda da doença ou a efetuar a prevenção da mesma. A blefarite pode ser estafilocócica ou seborreica e enquanto na primeira, o tratamento deve passar pala administração de antibióticos e anti-inflamatórios, na seborreica, normalmente, é suficiente o uso de anti-inflamatórios e limpeza das pálpebras.

Tratamento natural para a blefarite

Na blefarite, o tratamento natural ou caseiro passa pela higiene palpebral diária a longo prazo, mantendo a margem das pálpebras tão limpa quanto possível, utilizando, para isso, compressas embebidas em água morna, secando muito bem as pálpebras e em seguida colocando em toda a superfície uma pomada que contenha antibiótico e anti-inflamatório. A limpeza local deve ser feita pelo menos 1 vez por dia.

O calor local ajuda a remover as crostas e as secreções gordurosas através das compressas humedecidas em água quente, colocada sobre a pálpebra várias vezes ao dia, durante 3 minutos e 2 vezes por dia. A massagem suave da base dos cílios permite fluidificar as secreções das glândulas, sendo estas massagens, se bem aplicadas, muito eficazes no tratamento da blefarite.

Quem usa lentes de contacto deve ter mais atenção aos cuidados de higiene e armazenamento das lentes, uma vez que há maior probabilidade de contaminação.

Tratamento com colírios para a blefarite

São usadas lágrimas artificiais para o tratamento do desconforto e irritação ocular, no entanto, podem ser usadas gotas (colírios) ou pomadas para o tratamento local da infeção palpebral. Em situações mais graves pode ser necessário recorrer a antibióticos sistémicos.

Os doentes com blefarite são, normalmente, hipersensíveis aos conservantes dos colírios, pelo que o uso destes está contra-indicado.

Pomada para o tratamento da blefarite

A pomada para blefarite com antibióticos são, muitas vezes, usadas nomeadamente nas blefarites estafilocócicas, visto o bordo palpebral poder exibir focos de pús.

Existem no mercado diversas pomadas oftálmicas para blefarite.

Corticóides para o tratamento da blefarite

Os corticóides, por sua vez, são utilizados para o tratamento das inflamações mais graves, havendo contudo o cuidado na sua utilização, pois podem acarretar efeitos secundários (catarata e glaucoma).

Em virtude de ser um processo inflamatório, crónico e recidivante, qualquer tratamento que seja realizado pode ser frustrante, no entanto, em muitos casos, essencialmente nos jovens à medida que crescem, a blefarite pode sofrer resolução espontânea.

Blefarite crónica

Como já vimos, a blefarite é uma doença crónica, daí ser muitas vezes conhecida por blefarite crónica.

Por se tratar de uma doença crónica, é fundamental o acompanhamento periódico pelo médico oftalmologista, no sentido de uma correta orientação terapêutica, evitando complicações graves.

O tratamento da blefarite é simples, contudo bastante trabalhoso, pois o doente deve ser disciplinado para alcançar uma boa qualidade de vida.

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Dr. Lucas Tavares Faria

Dr. Lucas Tavares Faria é natural de Belo Horizonte, filho de Oftalmologista e descendente da primeira Óptica da cidade. Especialização em Oftalmologia e o fellowship de retina clínica e cirúrgica realizados no Centro Oftalmológico de MG, vem se dedicando ao tratamento clínico e cirúrgico das afecções oculares com foco nas cirurgias de Catarata, Retina e Refrativa.

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